essa gente que sente e que é

arte de Elisa Talentino

sabe o que eu admiro de verdade? admiro gente pretensiosa, que não só deseja, arquiteta, planeja, mas que vai atrás daquilo, que não se importa com as probabilidades de dar certo ou mega errado, se vão olhar torto ou estender a mão, é esse tipo de gente que inspira, que não se abate por pouco, e talvez nem por muito. e é bonito de ver essa gente que é cheia de si, que transborda pros lados, pra cima, mas nunca pra baixo, que não abaixa a cabeça pra ninguém, mas que sabe ser humildemente bonita. 

tem gente que tem uma luz, um magnetismo que chama todo o mundo pra conferir o que mais aquele ser pode ter, pode ser, pode dar; porque esse tipo de gente parece que tem uma fonte inesgotável de vida, de bom astral e essa fonte só rende quando consegue saciar a sede de muitos por aí, por onde passar, pra quem sorri. 

é lindo quem acorda e faz questão de encostar, primeiramente, o pé direito no chão, que vai na janela mirar o céu e pede proteção, que repete, enquanto toma o primeiro banho do dia, como a vida é boa e o dia pode ser melhor ainda, gente assim, que na simplicidade da prece pede proteção e força, que não desapega da fé e nem dos pequenos rituais, que faz questão de propagar o bem porque acredita na atração  das boas atitudes - e das ruins também -, é bonita de se ver, é maravilhoso tê-las por perto.

enquanto o mundo está cheio de desamor e tudo parece meio perdido, tem gente que olha com carinho pra dor do outro, que segura firme a mão de quem está inseguro e olha sem medo nos olhos, dizendo "acredite em mim, no que digo e sinto", aliás, tem gente que não tem medo da sensibilidade, do coração andar sempre a mostra; o chorinho no meio do filme, uma declaração por mensagem de texto, o "senti sua falta" no meio do abraço apertadinho, essa gente bonita que usa palavras e gestos pra demonstrar amor o tempo todo, aahhh, essa gente...

mas toda essa gente, cheia de si e do mundo, às vezes, cansa e a cabeça pede um peito pra encostar, as mãos precisam encontrar outras mãos pra lhe acalmar, os olhos precisam fechar um pouco para dar tranquilidade à alma, essa gente que tanto faz, tanto é, tanto dá, por muitas vezes, não são vistas (também!) como quem precisa, quem sente e quem quer de volta um pouquinho de carinho, de cafuné e de "estou aqui com você também". 

todo mundo é igual quando ama, está feliz e sente dor, toda essa gente é extremamente parecida quando tem medo de tudo desandar e de ficar sozinho em um beco sem saída, somos iguais quando precisamos, queremos e desejamos, somos iguais quando podemos, somos e conseguimos. por isso, seja gentil! toda essa gente padece e é feliz, algumas mais, outras menos, mas o que muda é a intensidade, o universo continua sendo o todo.