domingo, skank e banho de mangueira

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                                                                                   Para ler ouvindo: Canção Noturna.
                                                                                                         
Domingo sempre foi um dia muito estigmatizado por mim. Quando ainda morava na casa dos meus pais era o dia da semana que a gente almoçava junto e colocava os papos em dia, era quando eu brincava com minha irmã e depois ia dançar ouvindo as fitas do "É o tchan". Era o dia de organizar todos os cadernos e livros para começar a semana com tudo planejado, era dia de estudar algumas coisinhas também, de ver TV, de alugar filmes na locadora, de tomar sorvete até a garganta inflamar, de banho de mangueira no quintal. Domingo era dia de ficar em casa e isso era uma delícia.

Quando saí de casa para estudar em outra cidade, domingo passou a ser um dia de saudade, de querer repetir o que já fiz nesse dia, que é o primeiro da semana mas também parece ser o último. Domingo passou a ser carregado de lembranças, de querer voltar para casa dos meus pais, de procurar um quintal cheio de árvores, como era o lá de casa, e tomar um banho de mangueira, comer melancia e apostar qual semente seria cuspida mais longe. Domingo me dá saudade da minha infância, dos meus sonhos, dos meus amigos, da minha cidade natal, da minha irmã e da nossa estranha amizade. Domingo virou um dia a ser enfrentado, ou então eu seria engolida pela melancolia. 

Mas hoje acordei sozinha, às 11h20, não sabia se tomava café da manhã ou se almoçava, preferi ficar deitada rolando o feed do Instagram e pensando na vida. Até que levantei, providencie almoço, arrumei o apartamento, separei papéis, pensei no tema de TCC, falei com minha mãe e perguntei o que ela iria almoçar, só para reacender a minha saudade da comidinha dela. Almocei assistindo a Globo - que fase - , sozinha, aliás, eu e meus pensamentos, eu e o solzão que triplica em dia de domingo.

Agora, por acaso, eu encontrei uma matéria falando do Skank dos anos 90, e sabe, foi a melhor coisa, Skank é uma banda que sempre tocou nos shows que eu fazia na sala da casa dos meus pais, e eu estou escrevendo e ouvindo "garota nacional, acima do sol, o beijo e a reza", estou ouvindo e lembrando de uma ruma de coisas, de gente. Domingo está se esticando com os meus anos de vida, a melancolia deixa de ser confundida com tristeza e passa a ser lembrança boa, sinal de vida bem vivida. Mas o coração insiste, não adianta, toda saudade é meio triste e alegre demais, né?

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