e a ressaca emocional, quem cura?

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essa semana tive a oportunidade de intermediar uma roda de discussão sobre um tema interessante, que era para ser super acadêmico, mas que acabou virando uma prosa gostosa. E durante essa conversa, um dos convidados, que é poeta-gente-fina, disse, entre uma fala e outra, que a gente precisa se alimentar mais do que é sensível e imaterial, que as artes são cheias dessas coisas e que as palavras principalmente. Aahhh, bastou ele falar isso para eu levantar os olhos e voltar toda a atenção para o momento. Nós debatíamos sobre cultua, jornalismo e muitas outras coisas, mas foi essa fala despretensiosa (ou não) que me pegou de jeito.

juro, eu me encantei com isso. 

é que os tempos não estão sendo fáceis, falo de mim e das pessoas que mantenho contato quase diário, está tudo muito difícil de ser ajustado, está difícil se ajustar a tais/tantas coisas. Olha o exemplo, se você quer viajar, falta dinheiro, se quer viajar, falta tempo, se quer viajar, falta companhia, se quer viajar, falta carona e com tantos empecilhos, de uma hora para outra... se quer viajar, se desiste e vai ver Tv. 

eu sei que dificuldade sempre existiu e que a vida é uma loucura hard, mas nós andamos enfraquecidos para tanto obstáculo, é como se tivéssemos faltado ao treinamento de como lidar com a dureza da vida... e aí ficou meio mundo de gente confuso, perdido, meio abitolado das ideias, com uma crescente vontade de não fazer mais nada e ver aonde essa merda toda vai dar. É um pingo de revolta e outro pingo daquele cansaço de sexta-feira ao meio dia, quando bate a vontade de ir para casa, mas ainda faltam algumas horas de trabalho/estudo/estágio, enfim, de obrigações que viraram enfadonhas (ou sempre foram).

sem contar do que vem acontecendo nesse mundão de meu deus. 

todo dia é uma ruma de coisa ruim, uma dor, uma vida, uma saudade, um desespero que ataca quem está num aeroporto ou boate no outro lado do mundo, mas que dói em mim, dói em você. E falar dessa dor do outro, que é absorvida-sentida-sofrida por nós, é decifrá-la pela palavra empatia, é explicá-la quando o nosso coração parece conectado com o coração do outro, é resumi-la quando eu digo que eu e você somos pessoas sensíveis, empáticas e raras. 

queria poder confortar todas as pessoas que passam por problemas, queria poder descobrir quando o silêncio ou o sorriso falso esconde algum nó profundo e doloroso, queria poder ser menos egoísta achando que eu sou a pessoa que mais sustenta perrengue, porque, felizmente, eu não sou. Essa semana foi bem complicada (nesse momento ainda não acabou), foi uma semana que dificilmente sairá da mente de muitas pessoas e eu absorvi um pouco da dor e angústia desses dias, tive pesadelos e choros impacientes. No entanto, para tentar me ajudar, por muitos momentos eu quis sentar e falar sobre isso com algumas pessoas, mas eu sabia que elas não me entenderiam, que haveriam mais perguntas e julgamentos do que abraço apertado e mão estendida. 

não as culpo, não nos culpo.

cada um lida com o mundo-sentimentos-outro de uma forma, mas sinto que falta um pouco de ouvidos atentos e coração aberto para atender a angústia de quem convive com a gente. Falta um pouquinho de percepção de mundo e de sentimento verdadeiro. Olhe só, tem gente que parece durona, mas nem é tanto assim, tem gente que sustenta calado porque não vê outra saída, tem muita gente que só precisa sentir um pouquinho de carinho e preocupação para poder desabafar e chorar por alguns minutos. Lá em cima tentei parafrasear o amigo poeta, e ele está certíssimo, vamos nos alimentar do que é sensível, vamos engolir mais amor e espalhá-lo ao nosso irmãx, amigox, maridx ou a quem quer que seja. Tem dias que são difíceis e uma coisinha de nada os transformam, acredito que uma coisinha de nada também pode transformar esses tempos difíceis que Amélie nos falou. E essa coisinha que cura a gente sabe o que é. 

coisinha de nada é o mesmo que um gesto pequeno ou um singelo detalhe.
obrigada por dividir esse momento comigo. 

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