Conversa para dias difíceis e almas incompreendidas

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Há dias que são naturalmente lindos e insistentemente difíceis. Hoje foi um desses, como se o corpo pedisse pausa em tudo, gritasse por socorro, enquanto, os olhos implorando por água, quisessem inundar e perder-se em um mar de lágrimas. Sofro em saber que o dia está iluminado demais para tanta tristeza, que a vida é tão curta para essa angustia sem permissão; onde eu estou que não dou um basta?
A música toca uma, duas horas, para acalmar uma alma que ama por mil e padece por 10 vezes mais, que de tanto ser livre se prende na dor de, por momentos, não sentir suas asas e nem os pés para se apoiar. Tem uma alma nesse corpo que ri, caminha e conversa, uma alma que por amar e ser livre demais acabou sendo mal compreendida, criando bolsas de ar no coração, explodindo por dentro sem ninguém ver, perceber ou sentir cheiro de pólvora.
Passa uma, duas horas se olhando no espelho e tentando entender o porquê de um só ser carregar tanta sensibilidade incompreendida, tanto amor que é desperdiçado com quem não sabe um terço sobre sentir. Precisaria entender vários porquês, inclusive, por que ser tão dura por fora e frágil por dentro? Expliquem-me!
Esses dias difíceis não se fazem só, não culpo a vida e nem praguejo aos céus, a dificuldade vem das consequências, e sobre isso, meus caros, não tenho poder. Me perdoem!
Os olhos inundam um rosto, um travesseiro, o corpo imita um feto, o quarto o útero. Se estivéssemos no início seria mais fácil? Se tivessem nos ensinado a não fraquejar por pouco a dor seria menos banal? Quantos "se" cabem dentro desse meu peito apertado? E esse meu ser incompreendido, suporta mais que isso ou chegou ao seu limite? 
Talvez o Sol leve e traga coisas, sentimentos e pessoas. Talvez eu, você e todo o desconforto fique para trás, depois que a Lua tomar de assalto o céu que antes estava em brasas. Mas durmo para não ver, me fecho em mim para não sentir, há dias que são absurdamente cruéis, mas o braço é forte e não cede, a incompreensão da alma procura por outra que, de tão incompreendida também, está perdida. Há dias que deveriam existir para nos desculparmos com a vida, com o outro, dias em que pudéssemos desfazer o tiro que explodiu dois mundos, o seu e o meu.

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